O avanço da tokenização: ativos reais no radar do investidor 

A tokenização de ativos reais (Real World Assets – RWA) tem se consolidado como uma das principais tendências do mercado financeiro global. A ideia é simples, mas poderosa: transformar ativos como imóveis, crédito privado, fundos de investimento ou até mesmo títulos públicos em tokens digitais registrados em blockchain. Esse processo promete ganhos de eficiência, liquidez e acessibilidade. 

Segundo o World Economic Forum (2025), a tokenização pode redefinir a forma como o valor é transferido globalmente, abrindo espaço para trilhões de dólares em ativos digitais na próxima década. Já o Citi GPS projeta que até 2030 entre US$ 4 e 5 trilhões em ativos poderão estar tokenizados. 

O cenário global 

Casos recentes reforçam essa tendência: 

  • JPMorgan Onyx Tokenized Collateral Network (TCN) já movimenta ativos de grandes instituições, como BlackRock e Barclays, que tokenizaram cotas de fundos de mercado monetário como garantia em operações de liquidez. 
  • A Franklin Templeton mantém o Franklin OnChain U.S. Government Money Fund, primeiro fundo de mercado monetário registrado em blockchain, com bilhões sob gestão. 
  • O mercado de Treasuries tokenizados ultrapassou US$ 7,4 bilhões em 2025, crescendo mais de 80% no ano. 

Esses avanços indicam que a tokenização deixou de ser apenas experimental e já começa a integrar a infraestrutura financeira global. 

Oportunidades para investidores de alta renda 

  1. Diversificação ampliada – Acesso a ativos antes restritos, como crédito privado ou participações imobiliárias. 
  1. Liquidez 24/7 – Tokens podem ser negociados a qualquer momento em plataformas digitais. 
  1. Eficiência operacional – Custos menores em comparação a estruturas tradicionais de fundos e veículos de investimento. 
  1. Fracionamento – Permite investir em frações de ativos de alto valor, ampliando o leque de possibilidades sem comprometer grandes volumes de capital. 

Riscos no radar 

Apesar das oportunidades, é importante reconhecer os riscos: 

  • Regulatórios: no Brasil, a CVM já se posicionou sobre criptoativos via o Parecer de Orientação 40 e segue acompanhando os casos de tokenização de valores mobiliários. 
  • Liquidez secundária: embora a promessa seja de maior liquidez, muitos mercados ainda têm baixa profundidade. 
  • Risco tecnológico: a custódia digital depende de infraestruturas seguras, em ambiente ainda sujeito a falhas e ataques cibernéticos. 
  • Valuation: a precificação de tokens ainda carece de padronização. 

O Brasil e o contexto macroeconômico 

Enquanto isso, no Brasil, o Banco Central avança com o Drex, a moeda digital brasileira, o que deve criar um ambiente regulatório e tecnológico mais propício para a expansão de ativos tokenizados. 

Em paralelo, o cenário econômico é de juros elevados, a taxa Selic segue em 15% a.a., conforme a última ata do Copom. Esse ambiente de crédito restritivo pode acelerar a busca por novas alternativas de captação e diversificação, onde a tokenização de crédito privado e imóveis ganha relevância. 

Conclusão 

A tokenização de ativos reais já não é um experimento distante: trata-se de uma realidade que começa a moldar carteiras sofisticadas e que deve ganhar espaço no Brasil com a evolução do Drex e maior clareza regulatória. 

Para investidores de alta renda, entender os riscos e oportunidades dessa tendência é essencial para não apenas proteger, mas também ampliar o potencial de retorno em um cenário de transformação estrutural do mercado financeiro. 

Na Acura Capital, acompanhamos de perto essas inovações para oferecer aos nossos clientes estratégias sólidas, conectadas às melhores práticas globais e alinhadas ao cenário brasileiro. 

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