Super Quarta: estabilidade nos juros e sinais de realinhamento econômico global 

Decisões do Copom e do Fed reforçam estabilidade monetária em meio a um cenário global complexo 

A mais recente Super Quarta, evento que reúne decisões de política monetária no Brasil e nos Estados Unidos, trouxe definições importantes para o cenário econômico e os mercados financeiros. Em meio a tensões geopolíticas, incertezas fiscais e expectativas inflacionárias em transição, tanto o Banco Central quanto o Federal Reserve optaram por manter suas taxas de juros inalteradas. A sinalização é de uma pausa técnica para avaliação mais precisa dos próximos movimentos no ciclo monetário. 

Brasil: Selic mantida em 15% ao ano em decisão unânime do Copom 

O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu, por unanimidade, manter a taxa Selic em 15% ao ano. A decisão representa a primeira pausa após uma sequência de elevações iniciada em setembro de 2024, quando os juros estavam em 10,50%. O objetivo central continua sendo o combate à inflação, que acumula alta de 5,35% nos últimos 12 meses, de acordo com o IPCA. 

Esse patamar mantém o Brasil entre os países com maiores taxas reais de juros do mundo, mesmo considerando a tendência de desaceleração inflacionária. O comunicado do Copom enfatizou os riscos relacionados ao cenário fiscal, ao comportamento dos núcleos de inflação e às incertezas geradas pelas novas tarifas comerciais anunciadas pelos EUA. 

Estados Unidos: Fed mantém taxa entre 4,25% e 4,50% e avalia crescimento econômico acima do esperado 

Nos EUA, o Federal Reserve também optou pela estabilidade, mantendo a taxa básica de juros entre 4,25% e 4,50% ao ano. O posicionamento oficial reforça uma abordagem "dependente de dados", com o banco central avaliando cuidadosamente os desdobramentos da atividade econômica antes de qualquer mudança na política monetária. 

No segundo trimestre, o Produto Interno Bruto (PIB) americano avançou 3,0%, superando as estimativas de mercado. A alta foi sustentada por uma recuperação moderada do consumo e redução nas importações, após um pico na demanda por bens estrangeiros no início do ano. 

Esse desempenho reforça a hipótese de um "pouso suave" da economia americana, ainda que fatores como desaceleração do crédito, mercado de trabalho aquecido e tensões comerciais com a China permaneçam no radar dos formuladores de política. 

Setor bancário: resultados positivos indicam solidez do sistema financeiro 

O segundo trimestre também trouxe a divulgação dos balanços de grandes instituições financeiras brasileiras, com resultados sólidos apesar de margens mais ajustadas: 

  • Bradesco reportou lucro líquido de R$ 6,1 bilhões, com avanço de 3,5% frente ao primeiro trimestre e crescimento de 28,6% em 12 meses; 
  • Santander Brasil teve lucro de R$ 3,7 bilhões, leve queda de 5,2% no trimestre, mas alta de 9,8% em relação ao mesmo período de 2024. 

Esses números refletem um sistema bancário resiliente, com níveis de inadimplência sob controle e capacidade de adaptação diante de um ambiente macroeconômico mais volátil. 

Tensão comercial: tarifas dos EUA reacendem riscos globais 

A agenda de comércio exterior também impactou os mercados. O novo pacote tarifário anunciado pelos EUA sobre produtos da China e Europa já começa a mostrar seus efeitos. Um dos casos mais emblemáticos foi o da Adidas, cujas ações recuaram quase 7% após a empresa alertar para o impacto adicional de até € 200 milhões em custos no segundo semestre de 2025. 

Apesar do crescimento de 2% na receita trimestral, o número ficou abaixo das projeções dos analistas, o que reforçou preocupações sobre o efeito das tarifas sobre a competitividade e a lucratividade das empresas exportadoras. 

Reflexão Acura Capital: estabilidade abre espaço para estratégia 

O cenário traçado pela Super Quarta revela um momento de reconfiguração. Com a estabilização dos juros, tanto no Brasil quanto nos EUA, os investidores ganham uma janela importante para realinhar seus portfólios. Setores cíclicos, ativos de maior duration e exposição internacional voltam a ganhar relevância em uma agenda que mistura estabilidade monetária, resiliência econômica e riscos regulatórios. 

Na Acura Capital, mantemos nosso compromisso com a análise rigorosa e a construção de estratégias que entreguem proteção e retorno sustentável aos nossos clientes. Em tempos de transição, o que se mantém constante é a importância de investir com visão de longo prazo. 

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