O impacto dos PMIs globais e indicadores nacionais no cenário de investimentos do segundo semestre 

Os PMIs (Purchasing Managers’ Index), divulgados mensalmente por institutos como a S&P Global, são indicadores antecedentes que refletem a confiança e o nível de atividade em setores-chave da economia. Leituras acima de 50 pontos indicam expansão, enquanto abaixo desse patamar sinalizam retração. 

  • Zona do Euro: o PMI industrial caiu para 46,8 em julho/2025, o nível mais baixo em sete meses, segundo a S&P Global, refletindo demanda fraca, custos ainda elevados de energia e impacto das novas tarifas comerciais impostas pelos EUA. O PMI de serviços, embora positivo em 51,2, mostra perda de fôlego. 
  • EUA: o PMI composto (indústria + serviços) recuou para 52,1, ainda em expansão, mas em desaceleração. A indústria continua pressionada pela queda nas exportações e pelos custos de financiamento, enquanto os serviços sustentam o crescimento, apoiados pelo mercado de trabalho. 
  • China: o PMI industrial oficial, medido pelo NBS, voltou a mostrar expansão moderada, com 50,1 pontos, após meses abaixo do limiar. O setor de serviços segue mais robusto, em 51,8, refletindo políticas de estímulo e recuperação gradual do consumo interno. 

O quadro mostra uma economia global em “crescimento desigual”, onde serviços ainda funcionam como amortecedor, mas a indústria global permanece frágil. Esse ambiente reforça volatilidade em commodities, câmbio e fluxos para emergentes. 

Brasil: inflação resistente e câmbio sob pressão 

No cenário doméstico, os indicadores também trazem sinais ambíguos: 

  • Inflação: o IPCA acumulou 5,35% em 12 meses até julho, segundo o IBGE. Núcleos de inflação de serviços seguem elevados, refletindo demanda aquecida e indexação salarial. Esse quadro dificulta a tarefa do Banco Central em avaliar o momento de iniciar cortes de juros. 
  • Atividade: o IBC-Br, considerado uma prévia do PIB, avançou 0,4% em junho, após dois meses de queda. O setor de serviços liderou a recuperação, enquanto a indústria permanece lateralizada. 
  • Câmbio: o dólar voltou a testar os R$ 5,50 em agosto, influenciado tanto pela aversão a risco global quanto pelas incertezas fiscais internas. O fluxo cambial no mês, apesar de positivo em US$ 149 milhões até o dia 15 (dados do Banco Central), não foi suficiente para reverter a pressão no acumulado do ano, ainda negativo em mais de US$ 14 bilhões
  • Fiscal: a perspectiva de déficit primário superior a 0,9% do PIB em 2025 segue como ponto de alerta para investidores, impactando prêmios de risco e a curva de juros local. 

Esses elementos reforçam a necessidade de estratégias ativas e seletivas no mercado doméstico. 

Impactos para os mercados: onde estão as oportunidades 

Renda fixa: duration seletiva 

Com os juros ainda elevados e inflação resistente, a estratégia para renda fixa no Brasil deve ser equilibrar títulos indexados à inflação com duration moderada e crédito de qualidade. Globalmente, a expectativa de manutenção de juros altos nos EUA limita ganhos expressivos na curva americana, mas abre espaço para janelas táticas em Treasuries longos em caso de sinais mais claros de desaceleração. 

Bolsa: sensibilidade ao câmbio e aos juros 

O Ibovespa, que voltou a oscilar entre 134 mil e 138 mil pontos, segue sensível a fluxos externos e ao dólar. Setores exportadores, como papel e celulose e mineração, tendem a se beneficiar de câmbio mais desvalorizado, enquanto bancos e varejo permanecem pressionados pelo custo de capital e inadimplência. 

Commodities e emergentes: volatilidade ampliada 

A desaceleração industrial na Europa e nos EUA limita a demanda por commodities metálicas, enquanto estímulos chineses podem dar fôlego temporário a petróleo e minério. Para emergentes, a combinação de déficits fiscais nos EUA e juros altos mantém alternância nos fluxos, abrindo oportunidades para alocação tática, mas exigindo gestão ativa de risco. 

Criptoativos e ativos alternativos 

Com a volatilidade global elevada, criptoativos como o Bitcoin (oscilando entre US$ 65 mil e US$ 70 mil) voltam a atrair investidores como diversificação. Já ativos reais, como fundos imobiliários e infraestrutura, ganham espaço como proteção contra inflação e descorrelação. 

Visão da Acura Capital: ler o cenário, agir com precisão 

Na Acura Capital, entendemos que os PMIs globais e indicadores nacionais não são apenas números isolados, mas peças de um quebra-cabeça que orienta o posicionamento estratégico. O segundo semestre de 2025 exige gestão ativa, diversificação internacional e disciplina na leitura do ciclo econômico

Nossa abordagem combina análise macro profunda, uso de dados e adaptação tática para capturar oportunidades em renda fixa, bolsa, crédito privado e ativos alternativos. Em um mundo de crescimento desigual e incertezas fiscais, investir com visão global e execução precisa deixa de ser diferencial e passa a ser necessidade. 

Conclusão: navegar em meio à incerteza exige estratégia 

O mosaico formado pelos PMIs globais e pelos indicadores brasileiros revela uma economia global que cresce de forma assimétrica e um Brasil desafiado pela inflação e pelo risco fiscal. Para investidores, isso significa que o segundo semestre não será de tendências lineares, mas de ajustes rápidos e oportunidades pontuais. 

Com disciplina e leitura estratégica, é possível transformar a volatilidade em oportunidades de retorno sustentável. E é exatamente nesse ponto que a Acura Capital se posiciona: como parceira na construção de portfólios que combinam sofisticação, proteção e crescimento de longo prazo. 

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